O tipo de cara que toda garota em sã consciência se manteria afastada. À primeira vista rude, prepotente e excêntrico . Falas complicadas, escritas marcadas, jeito descolado. Estranhamente interessado em fatos e detalhes sumamente dispensáveis, ele cativou o dom de toda garota: falar demais. Falar de coisas inúteis e fúteis. Falar de coisas que não interessam a ninguém a não ser a elas mesmas.Certamente, coisas que garotos não precisam saber. Detalhes.
Mas intensamente preocupado neles ele os cultivou, instigou. E após os escutar simplesmente dava duas palavras de mera importância, o que resultava em mais detalhes, explicações.
Divergência de opiniões sempre. Ela egocêntrica e se importa com tudo o que sua imagem representa. Ele divergente, diferente. Ele gosta de chocar, mas não sei se ele sabe realmente disso. Ela falava sobre tudo sobre ela, e tampouco sabia sobre ele.
-A vida é complicada demais para explicar agora, era o que ela ouvia. Talvez depois, não esta preparada para isso.
Ela estava.
Sinceramente, para ela não importava o que ele dissesse, ela estaria pronta. Nada naquele ponto a interessava mais, a envolvia mais, do que ouvir ele. Saber sobre ele. Tudo o que pudesse lhe dar mais ciência sobre o que ele era, era o bastante. Ela empregava a ele o que mais tinha de bonito na sua vida naquele momento, apesar de tudo. Apesar da distancia, apesar de ser inviável, apesar do desconhecimento. Ela o amava. Sim isso podia ser real.
Incomum talvez, mas real. Ela fez castelo de sonhos onde ele era o personagem principal. Aquele que a viria resgatar sobre um cavalo veloz, de uma vida triste e enfadonha em uma torre acima das nuvens. Que a tomaria como sua e a faria feliz apesar da imensa diferença e concepção dos dois. E que depois de romperem as paredes da irrealidade viveriam sim em mundo de verdade. Pés no chão, correndo contra o tempo, correndo com o tempo, a fim de fazerem com que a vida os abrigassem e permitisse ser possível viverem juntos.
Castelos de sonhos ela formou a cada palavra em que ele se deixava transparecer. Ele esquecia a imagem que formou e passou a ser mais amável, e realmente interessado, realmente apaixonado. Uma palavra o entregou. Uma.
E depois dessa vieram tantas...
Tantas que a deixava feliz por estar realmente acontecendo, por ele existir. Por ele estar ali.ao alcance de um coração apesar das milhas. Não a condene, por favor. Ela sonha que tudo pode ser possível. Para ela não importava que ele estivesse longe, mas que ele estivesse ali, na hora marcada. Era como se Ele estivesse ao seu lado embora estivesse do outro lado do país. Sim, para muitos isso parece anormal.
- Que raios ela tem na cabeça!Como pode amar um estranho a que nunca vira e ainda achar estar tão próxima!
Pobre menina. Crê que quando há amor não importa onde os corpos estejam quando os corações permanecem juntos. E isso funcionaria para ela em qualquer situação, pode crer.
O fato é, ela estava apaixonada. Em tão pouco tempo. E o que aos poucos ele se revelava, achava que ele também acordara para aquilo. Que ele também a amava.
E ele aos poucos se atentou para isso, percebeu. Ele realmente percebeu que sentia algo. Algo que não pensara ser possível. Ou ao menos foi o que pareceu a ela.
Ao contrario dela ele não fazia castelos de sonhos onde, no caso, ele resgataria princesas .Ele as incitava a pular de suas torres. E depois Satisfeito ele as deixava partir.
Ele era pé no chão. Não era sonhador, do tipo que acreditava encontrar o amor verdadeiro ao virar a esquina, na fila da padaria, ou atrás de uma tela. Ele não esperava, tampouco esperava que isso acontecesse.
Como o bom galante que era ele sabia fazê-la se sentir amada. Se sentir querida e ter importância.
Aquilo a certo ponto foi normal para ele. Era assim que funcionava.
Mas aquilo era incrível para ela. A deixava certa que era realmente real.
E como era de se esperar ela deixou que aquilo tomasse conta dela.ela Pensava nele em todas horas do dia. Imaginava ele curtido cada momento com ela. Como um amigo imaginário ela o moldou ao seu lado em todas as situações possíveis. Andando pela rua, ao ler um livro na área livre da faculdade, ao lados dos seus amigos na cantina observando o jeito dela, em casa vendo tv reclamando não ter nada pra fazer, correndo nas ruas para fugir da chuva, e em todos as horas que ela desejava realmente ele ali.
Aquilo parecia tão idiota para ela, ainda parece. Varias vezes ela se perguntou porque ela é assim. Porque suas concepções eram diferentes dos demais, e isso ela nunca vai compreender.
Era tão mais fácil amar alguém próximo, alguém real. Ali.Mas isso sim era incabível pra ela, mais até, do que aceitar viver daquela forma. Alguém dali, era alguém tão normal. Ela era fascinada por pessoas que tinham uma característica que fosse o menos minimamente incomum. Isso a deixa eufórica. A incompreensão realmente a instiga. Aquilo era mais forte do que ela. Definitivamente.
E desvairada por estar suportando algo tão grande que ela não sabia conter sozinha,ela se deixou levar. E dessa vez ela falou mais do que devia ser falado, do que devia ser ouvido.
Ele não soube suportar o que ouviu.Pareceu ser demais,. Grandioso demais. Irreal demais para o que ele acreditava ser possível.
E toda a intensidade se fora.
E a amabilidade se transformou numa leve arrogância clamando realidade, de forma que ela visse a verdadeira face da situação. De forma que ela entendesse que existiam varias nuances que devia ser levadas em conta e que ela as ignorara desde o começo. Uma delas era inquestionável: as milhas.
Esse era um ponto que ele decididamente se apegara. Suas palavras insultaram tudo o que ela havia construído.
- você deve viver, deve amar alguém real.
Ele era real o bastante pra ela. Não era pelo fato dela não poder vê-lo, senti-lo ou abraça-lo que ele seria irreal. Ela o podia ouvir, podia ler suas palavras, suas idéias, saber o que ele estava sentido através delas, e isso era muita coisa.tudo podia começar a partir daí.
Ela achava que eles poderiam levar tempo o suficiente dessa forma, até que eles tivessem prontos, até que fosse finalmente possível.
Mas havia uma dissensão: ela aceitava, ele não
Ela não entendia porque, ela explicou que conseguiria viver muito bem assim, desde que ele estivesse ali, presente. Não se sabe se impelido pelo medo de inspirar um sentimento tão forte, pelo medo de alimentar nela a esperança vã de um amor impossível, de incentivar uma espera inútil; Ou apenas pelo fato dele não sentir nada, de apenas ter brincado, palavras em vão, sem sentido algum. Ele findou tudo o que um dia havia provocado. E suas palavras a cortaram. Como jamais outras faria um dia. Ela não sabia explicar como aquelas frases
poderiam machucá-la tanto. E não eram apenas palavras rudes de indiferença, mas sim palavras duras de realidade. Esse era o problema, era apenas realidade, era tudo o que ela não queria aceitar. Era o que ela não queria acreditar.
E a intensidade do encanto se transformou sentimento de rejeição.
Poucas coisas doeram tanto.
Poucos amores machucaram tanto. Temos de convir que: ela nunca se sentira tão magoada por um cara de verdade como por aquele cara que ela nunca vira. Nunca se importara tanto também. E como tudo estava claramente acabado ela não sabia mais o que fazer, o que dizer a não ser se encolher e desmontar em pedacinhos se dando motivos para acreditar que aquilo não estava acontecendo, que nunca acontecera.
Não se sabe como, mas ela o via na sua frente, ela o imaginava após ter juntado todas as partes das imagens em que o vira. E suas palavras que transmitiam inteligência, bela prepotência e uma ar de mistério encantador davam a sua imagem um charme a mais, de que ela gostava tanto, de que se apaixonara tanto.O poder de suas palavras congelava-lhe o estomago. E até mesmo depois dele ter-lhe cortado em estilhaços ela não desfez sua imagem. Ficara ainda mais forte. Ficara ainda mais vital.
Mas ele não estava mais ali. Ele se fora. O que ficara foi apenas a imagem constituída por ele, e a lembrança de suas palavras, agora inertes. Só restava - lhe agora um buraco, sangrando.
O desespero do repúdio foi-lhe inaceitável. Ela não conseguia conceber o fato dele deixá-la assim tão fácil, pior, dele libertá-la assim.
Covarde. A primeira palavra que lhe veio à cabeça.
- como pôde ser tão covarde?
Mas isso não adiantaria mais. O que quer que ela fizesse não adiantaria mais. Ela já tentara concertar o que dissera, ela já tentara expor soluções mais cabíveis, ela tentara ser mais dura por fim. Nada adiantara. Com uma sobra de dignidade ela foi-se. O deixou a falar sozinho, mesmo ele não estando falando mais nada a um bom tempo.
Dias passaram as bordas ainda corroídas. Tudo ficara estranho.
Ele estava lá. Mas não estava. Pelo menos era como se não estivesse.
Ela entrava e não era recebida com alegria como outrora. Nem era recebida para falar a verdade. Lá penas existia um nome, nada mais. Ela esperava nada acontecia. Ela saia.
E isso durou.
Dura é a cicatrização quando não se consegue aceitar que o machucado deve finalmente sarar.
Ele apareceu. Frio e casual. Como se tudo houvesse acontecido. Talvez ele ate não tentasse demonstrar isso, mas foi assim que ela agiu. E isso durou semanas.
Ela nunca sabia se ele ia lhe proferir palavra alguma, isso raramente acontecia. Ela arriscava, quebrava a cara e arrependia-se algumas vezes, por outras se satisfazia, ao menos ele era educado.Ao menos a respondia. Mas aí, ele sumiu.
Meses, e ele não apareceu.
Ela sempre entrava com esperança de ver seu nome. Embora não falasse ele estaria ali.
Mas ele não estava.
Ela conseguiu esquecer as palavras. Mas não conseguia justificar sua falta. Não sabia porque se importava tanto. Deu de ombros. Sentia-se compelida a isso.
Ela decidiu viver. Foi o que ele lhe dissera.
E ela vive. Mas não consegue evitar o fato de deixar de lembrar dele, de recordar seu nome, de falar sobre ele, de imaginá-lo.
Ela leva agora a certeza da incerteza. Incerta que ele um dia realmente a queira, mesmo sendo possível, mesmo estando um frente ao outro.
Hoje ele apareceu novamente. Eles conversam às vezes, e mesmo não sendo nem de longe como antes, isso a deixa com a perspectiva de um dia estarem perto o bastante para se aproximarem de novo. Ela não consegue esquecê-lo completamente e desistiu disso. Ela tentou, mas seu nome sempre se apresenta de alguma forma
# O nome de alguém, uma frase falada, um fato um dia comentado, uma foto similar, características semelhantes. Qualquer coisa.
Ela escreve. É a melhor forma que ela encontrou para lidar com isso. Afinal, nada mais consolador que afogar em papeis toda a mágoa que se sente. E nada dá mais inspiração do que um amor não correspondido.
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